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A educação é a base do espiritismo

A educação é a base do espiritismo

 

O espiritismo revolucionou (e continua revolucionando) quando se propôs conquistar o coração das pessoas através de conhecimentos lógicos que foram transmitidos por espíritos de luz.

Espiritismo é a fé raciocinada. A fé que pode olhar de frente a ciência e que está aberta a entender os novos desafios que surgem com o passar das décadas.

A doutrina que Kardec decodificou estimula o entendimento da realidade, para que cada um possa realizar sua reforma íntimo; e assim, contribuir para criar uma sociedade mais justa e mais caridosa.

Com esta visão em mente é que separamos este texto para estudo e reflexão.

 

Administrar o excesso passou a ser a principal necessidade da vida moderna. Tenha uma vida equilibrada e mais eficiente.

 

Administrar a falta é diferente de administrar o excesso.

Há duzentos mil anos, quando surgiu o Homo sapiens, fazia parte de sua dieta comer restos de outros animais (como o urubu).

Funcionava assim: o leão caçava e deixava os ossos. O ser humano primitivo pegava estes ossos e comia o tutano e outros restos de carnes.

Frente à escassez, era necessário aproveitar tudo o que pudesse.

Traduzindo: quando tinha alguma comida era importante comer o máximo possível. Não se sabia quando teria outra alimentação.

Os milênios foram passando e o homo sapiens aprendeu a cultivar, criar animais, adubar a terra, estocar e processar os alimentos.

Duzentos mil anos depois grande parte da humanidade vive um dilema: como administrar o excesso de alimento.

Excesso torna-se tóxico, fonte de doença, desavença e stress.

O desafio do equilíbrio frente ao excesso é compreendido facilmente quando o assunto é alimentação.

Todavia, este desafio está presente em vários outros aspectos da vida cotidiana.

 

Vou contar algumas histórias para que você possa refletir:

João preparou um churrasco para seus amigos. Disse que a graça do churrasco é ter muita bebida e muita carne.

Falou assim: "o importante é que tenha bebida para beber e derramar".

Ou seja, ele tem um profundo prazer em saber que tem bebida à vontade, até para sobrar ou desperdiçar.

Este é um prazer que impregnou a mente humana naquela época da escassez e que domina a mente das pessoas até hoje.

Naquela época, frente à escassez, as pessoas tinham como ideal encontrar muita comida e comer "até morrer". Comer muito, o máximo que puder.

Naquela época, a pessoa não sabia quando comeria de novo. A comida era a senha para dias felizes de fartura, mais disposição e menos doença.

Hoje em dia, depois de "comer até morrer", o sujeito já está pensando no que comerá em seguida.

A garantia alimentar, que  é ótima, acaba por ser também uma fonte de sofrimento.

Concluindo:  durante mais de 200 mil anos o ser humano associou o excesso com prazer e segurança.

E continua associando porque sua mente está impregnada com esta ideia.

 

 

Joaquina é uma menina de 11 anos de classe alta de São Paulo. Filha de pais dedicados e amorosos que querem o melhor para ela.

Ela estuda alemão, inglês, espanhol, chinês. Além, é claro, do português.

Seus pais querem ter a certeza de que estão oferecendo o melhor para ela, no futuro, ter um ótimo emprego e uma vida boa.

Os pais de Joaquina são outro exemplo claro de que a mente de duzentos mil anos atrás continua funcionando.

Eles se sentem seguros e se reconhecem como pais dedicados (prazer) quando oferecem o excesso.

Pergunto: qual a necessidade real da Joaquina aprender todas estas línguas aos 11 anos?

Existe uma probabilidade de 99,9% de ser um excesso que gera prazer e segurança nos pais.

O mais provável é que aos 25 anos a Joaquina não saiba falar alemão e nem chinês. Saiba falar pouco de espanhol. Se chegar nesta idade sabendo falar bem inglês já está ótimo.

Todavia, como o excesso pode se tornar uma maldição, existe o risco de nem o inglês ela dominar completamente.

O excesso e o desperdício são o "mais que se torna menos".

 

Luis queria morar em um apartamento amplo e ter coisas legais para si e para os filhos.

Tinha um custo de vida altíssimo e seus filhos tinham do "bom e do melhor".

Os filhos do Luis estavam sempre reclamando e querendo mais e mais.

Não eram mais satisfeitos e nem mais felizes que outras crianças.

O excesso não trouxe o bem estar que os pais acreditavam que traria.

Ao contrário, as crianças não aprenderam a tolerar a frustração e nem ter prazer com o que é simples e está à disposição.

Na prática, desprezavam o que tinham. Por isto, não paravam de desejar e exigir mais.

Eram impulsivos que corriam atrás de satisfazer seus desejos.

Os pais se perguntavam onde erraram.

O que queriam era oferecer tudo de bom para os filhos.

Treinaram a mente dos filhos para nunca estarem satisfeitas.

Como todos que vivem o excesso, eles não identificavam suas ações como negativas.

Um dos motivos é que o excesso traz prazer.

A mãe gosta de ver o filho sorrir quando ganha um brinquedo; ela fica tentada a usar várias vezes este recurso para ter a mesma resposta: presente igual a sorriso.

A verdade, porém, é esta: uma criança que ganha poucos brinquedos sorri o mesmo tanto que a que ganha muitos brinquedos.

O maior dos sorrisos está em brincar e não em ganhar.

A excitação do ganhar acaba logo.

A alegria de brincar dura horas, dias, meses e anos.

O foco dos pais consumistas antiecológicos está no ter, nas posses.

O foco da alma e da vida boa está no brincar.

Na posse, o exagero gera prazer.

No brincar, o exagero atrapalha.

É por isto que crianças pobres constroem brinquedos com poucas coisas e brincam muito.

Já as crianças que muito possuem desprezam o que está à sua mão e desejam o que não possuem.

Ou seja, crianças com excesso brincam menos (1).

 

Administrar o excesso passou a ser o principal foco da vida moderna.

Lembre-se: normalmente você não vai considerar o excesso como excesso. Não se deixe enganar pela sua mente.

Aprenda a migrar da mente reativa (a mente que relatamos aqui) para a mente clara. Saiba mais aqui: http://caminhonobre.com.br/category/mente-clara/

Este é um grande desafio para você e para sua geração.

Esteja atento, treine sua mente a identificar o excesso como risco e fonte de desprazer e ineficácia.

 

Autor: Regis Mesquita

https://twitter.com/mesquitaregis

 

Fonte: http://www.psicologiaracional.com.br/2014/11/o-excesso-polui.html

 

PS1: uma estratégia interessante das crianças que vivem em meio ao excesso é focar em poucos brinquedos e desprezar todo o resto. Ao criar vínculos com alguns brinquedos, ela "foge do excesso" e consegue o foco necessário para o brincar/criar. (Para saber mais, clique aqui. http://www.psicologiaracional.com.br/2011/10/o-excesso-acaba-com-concentracao-de.html)

 

 

Leia também:

 

A essência da autossabotagem: negativização da realidade e a busca de vantagens. Veja estes exemplos!

http://www.psicologiaracional.com.br/2011/03/essencia-da-auto-sabotagem.html

 

Quando o amor dos pais destrói os filhos

http://www.psicologiaracional.com.br/2013/03/quando-o-amor-dos-pais-destroi-os-filhos.html

 

Dezenas de textos sobre autocontrole

http://www.psicologiaracional.com.br/search/label/auto-controle

 

Eu estava no paraíso e não sabia

http://caminhonobre.com.br/2010/11/05/eu-estava-no-paraiso-e-nao-sabia/

 

Eles preferem sofrer com o que é conhecido por terem medo do desconhecido

http://www.psicologiaracional.com.br/2014/05/eles-preferem-sofrer-com-o-que-e.html

 

O sofrimento perpetua quando a mudança ocorre somente naquilo que não gera incômodo 

http://www.tvphipnose.com.br/gera_incomodo.html

 

A importância de frustrar seus filhos (não ao consumismo)

http://www.psicologiaracional.com.br/2012/10/a-importancia-de-frustrar-seus-filhos.html

 

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