Contaram-me 45 (O Sábio e o Aventureiro)
Era uma viagem de turismo, uma das infindas alternativas existentes para escapar, pelo menos temporariamente, da intragável, fastidiosa e rotineria realidade. Ele havia chegado aberto, curioso e aventureiro. No caminho, ouviu histórias, lendas, mitos e observou fatos que, até então, lhe eram perceptívies apenas pela internet, ou jornais. Então, certa feita lhe contaram a história de um sábio que vivia tranquilo no meio da floresta e que, diariamente, compartilhava conhecimentos com as pessoas.
Assim, sem pestanejar, descobriu como chegar em tal paradeiro e para lá se foi. Quando chegou, tudo era silêncio, com exceção das copas das árvores que, embaladas pelo vento, bailavam freneticamente naquele inóspito lugar. Ele observou a pequena tenda, aproximou-se e, para não incomodar o silêncio, sentou-se e esperou.
Horas mais tarde, os ruídos de passos caminhando sobre folhas secas, irrompeu na taciturnidade da mata e, pouco a pouco, as pessoas iam chegando e sentando-se perto da palhoça. Então, repentino como um raio, mas leve como uma brisa de primavera, o sábio apareceu e caminhou suavemente pelo meio das pessoas e sentou-se numa pedra que parecia um altar esculpido pela Mãe Natureza.
Sem introduções, começou a falar e, no âmago do seu discurso, encontravam-se ensinamentos para o dia-a-dia, para o pleno viver de cada ser humano e para a tranquilidade emocional que todos buscam. Mas, no meio de todo aquele discurso, uma sentença flamou na percepção de nossa aventureiro, "...Na busca do aprimoramento, uma pessoa deve, antes de tudo, sempre fazer o que deve ser feito e, se caso ela ainda não encontrou aquilo que ama realizar, qualquer coisa que esteja executando, o faça com todo o seu potencial, pois assim ela estará pavimentado a senda do amadurecimento e refinamento pessoais. E, enquanto isto, caminhar sempre em direção àquilo que ela realmente deseja realizar até que, eventualmente, lá ela se encontre e, quando lá chegar, ao olhar para trás terá a oportunidade de perceber que o caminho percorrido era a melhor opção para chegar ao destino almejado. Além disso, quando a pessoa chega ao seu próprio e sonhado destino, uma fantástica mudança acontece em sua vida, pois ela deixa de fazer o que deve ser feito para realizar aquilo que ela deseja fazer e, a partir de tão venerável momento, a pessoa terá encontrado a fórmula da auto-satisfação abundantemente se manifestando em seu quotidiano."
Depois destas palavras, o mestre seguir compartilhando pérolas para adornar o quotidiano, no entanto, aquelas foram tão intensas, precisas e relevantes para o aventureiro que, num elevado estado de contemplação, ele viajou pela senda de sua vida, pelos lugares onde esteve, pelas atividades que realizou, as chamas de sonhos que havia apagado, a situação atual que se encontrava e o desejo daquilo que desejava realizar durante o desconhecido tempo de vida que lhe restava.
Após terminar seu loquaz discurso, da mesma repentina e gentil maneira que havia chegado, o sábio levantou-se e regressou ao isolamento de sua cabana. No entanto, o aventureiro, ainda em estado de intensa reflexão, permaneceu no mesmo lugar até muito tempo depois que todas as outras pessoas tivessem partido e que os sussuros dos presentes fosse substituído pelo inspirador e estimulante silêncio da floresta.
Então, impetuoso e intenso como uma estrela cadente, o aventureiro levantou-se e partiu. Mas seus passos agora possuíam um novo vigor, uma indelével certeza, uma poderosa tenacidade, pois durante suas reflexões havia decidido voltar para sua terra e realizar todas as atividades que, até então, estavam pendentes para que sua senda fosse em direção aos sonhos que sempre palpitaram do âmago de sua essência.
Ele havia viajado para esquecer-se. O que na verdade aconteceu, pois ao olvidar-se de tudo aquilo que não lhe era desejável, ele acabou lembrando daquilo que lhe era importante e inspirador e, ao reorientar sua senda, deixou de ser um aventureiro e tornou-se um peregrino impelido pela clareza e certeza da direção a ser trilhada e do destino a ser alcançado.
(Tadany – 09 10 11)
PS: Para citar este texto:
Cargnin dos Santos, Tadany. Contaram-me 45. www.tadany.org ®
PS: Para citar este texto:
Cargnin dos Santos, Tadany. Contaram-me 45. www.tadany.org ®
www.tadany.org
A corrupção é primogênita da nossa passividade, minha e tua. Precisamos aceitar o nosso dever de cidadãos para mudar as nefastas realidades que assolam a nossa pátria. (Tadany)
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