Cérebro e amor: o corpo planejado para ajudar a evolução do espírito
Regis Mesquita
Amai-vos uns aos outros é apenas uma regra moral? Será que há algo mais importante nesta prática?
Amar é um verbo. É, portanto, uma ação que pode ser focada em uma única pessoa ou coisa, ou pode ser uma ação com muitos focos diferentes. Uma pessoa pode amar um time de futebol, pode amar o futebol, pode amar esportes; ou seja, (como verbo/ação) o amor tende a expandir. Como amar um time de futebol sem amar o jogo de futebol? O que caracteriza o amor é ser um movimento que tende à expansão.
Para não expandir, o movimento do amor tem que ser bloqueado. É muito comum uma mãe amar seu filho, mas não amar crianças. Neste caso, o amor não expande, ao contrário, fixa. Este processo é em parte natural (amamos mais quem é mais próximo afetivamente) e em parte é fruto do bloqueio criado pelo orgulho e pela vaidade.
Para bloquear o amor, matamos parte do amor. Para explicar este fenômeno vou reproduzir parte de um livro:
"E apaixonar-se também baixa o limiar de ativação dos centros de prazer...
Quando uma pessoa ... se apaixona, entra num estado de entusiasmo e fica otimista em relação a tudo, porque as três condições baixam o limiar de ativação do sistema aperitivo do prazer, o sistema baseado na dopamina e associado ao prazer de esperar o que se deseja. O viciado, o maníaco e o apaixonado estão cada vez mais cheios de expectativas e são sensíveis a qualquer coisa que possa dar prazer - flores e ar fresco os inspiram, e um gesto leve mas atencioso os faz se deliciar com toda a humanidade...
Como os centros de prazer estão se ativando tão liberalmente, o enamorado se apaixona não só pelo amado, mas pelo mundo, romantiza a visão que tem dele. Como nossos cérebros estão vivendo um surto de dopamina, que consolida a mudança plástica, quaisquer experiências e associações agradáveis que temos no estágio inicial do amor são, portanto, moldadas em nosso cérebro... permite ter mais prazer com o mundo, como também dificulta que vivamos a dor, o desprazer ou a aversão. Heath mostrou que quando nossos centros de prazer disparam, a ativação concomitante dos centros de dor e aversão próximos é mais difícil. As coisas que normalmente nos incomodam deixam de incomodar. Nós adoramos estar apaixonados não só porque assim fica mais fácil sermos felizes, mas também porque fica mais difícil sermos infelizes". (1)
Vou explicar: o corpo, o cérebro, é parte do projeto de Deus. Ele foi projetado para gerar satisfação quando amamos. O texto explica que existe uma relação direta entre o amor intenso e a expansão do sentimento/ação para outras áreas da vida que não estão diretamente ligadas à pessoa amada. Exemplo: o chefe rude torna-se uma pessoa doce, seus funcionários descobrem que está amando. O comportamento muda porque toda a mente está sob ação do amor.
No texto é associado o amor com o limiar de estimulação dos centros de prazer. O limiar fica mais baixo; isto significa que situações que passariam despercebidas são notadas e geram muito prazer. (Exemplo: um simples carinho no braço não passa despercebido porque qualquer coisa positiva é capaz de estimular os centros de prazer do cérebro.) É uma vida mais intensa e prazerosa. Para mantê-la a pessoa TEM que permitir o transbordar o amor para várias áreas da vida. Se este processo for bloqueado o amor deixa de ser intenso, o prazer cai, a motivação diminui, etc.
Deus criou um sistema de recompensa e de estímulo para ajudar as pessoas escolherem o amor transbordante e intenso. Quem escolhe uma vida com o verbo amar tem vários benefícios físicos, além dos espirituais.
Amai-vos uns aos outros. Este amor que transborda é tão importante para o ser humano que Deus o associou a outro benefício. O amor intenso inibe centros da dor e aversão. Se alguém te chateia e você cultiva o amor intenso, certamente deixará para lá. Alguém falou mal de você? Quando sua vida está restrita e insatisfeita, você tenderá a sofrer com esta injustiça. Mas, se o amor intenso pulsa no seu cérebro, será muito mais difícil ser atingido por esta situação. O amor que transborda de dentro de você tornará tão pequena a fofoca que provavelmente não haverá sofrimento.
O amor é uma ação, uma atitude e um treino. Quando cumprimos a missão de Deus somos recompensados. Nosso cérebro é preparado para isto. Tem gente que procura dar intensidade à sua vida nos esportes radicais ou em remédios(drogas). Mal sabem que dentro deles pulsa a solução na forma de amor intenso, amor expandido e transbordante.
Os místicos dizem que estar perto de Deus é uma delícia. Uma das portas para estar mais próximo Dele é amar intensamente.
Dizem que o amor cura. Cura mesmo, o amor é uma ação que mexe com todo o corpo e mobiliza energias e vibrações muito fortes.
Com o amor é mais fácil expandir a consciência. A expansão da consciência é o caminho necessário para experimentar a espiritualidade. É uma forma de desenvolver a sensibilidade necessária para lidar com as vibrações mais nobres.
O amor é, portanto, um grande facilitador.
Seus benefícios estão gravados em nosso corpo. Estão de acordo com as leis da natureza. Tudo foi bem organizado por Ele, que tem grande capacidade e sabe onde devemos chegar com nossa evolução.
Amai-vos uns aos outros não é apenas uma regra moral. É uma forma de colocarmos a vida espiritualizada em ação. É uma forma de libertar a "fonte que nunca seca" que está inscrita em nossa biologia. É uma forma de gerar a atitude que permite a expansão da consciência.
Tudo isto está inscrito em nosso corpo. Sua tarefa é colocá-lo para funcionar, ou mantê-lo bloqueado. O livre arbítrio é seu.
Para terminar: "precisamos ofertar porque recebemos muito e nossa natureza se revela quando ofertamos." http://caminhonobre.com.br/2012/10/05/mutualismo/
(1) Pag. 128 do livro "O cérebro que se transforma", editora Record
O livro Nascer Várias Vezes possui dois capítulos com temas ligados ao amor. São eles: "Casamentos, reencarnação e missão de vida" e "Amor e reencarnação". Para conhecer os capítulos do livro clique aqui.
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