Victor Hugo (26/02/1802 A 22/05/1885) Quem não conhece Victor Hugo? Quem não contemplou ainda aquela figura de barbas brancas, a testa franzida, os olhos profundos e interrogativos, que, em 1882, Bastien Lepage tão bem soube retratar? Victor Hugo, espírito nobre, escritor de rara profundidade, cujas páginas infundem insofismável respeito, vazadas em inusitada grandiosidade?... A riqueza da obra de Hugo garantiu-lhe lugar de destaque na literatura francesa e universal, embora tenha sido, nos primeiros tempos, e em seu próprio país, tachado de poeta de segunda, etc. No entanto, o gênio - que, como diziam os franceses, acreditava nas coisas ocultas -, abriu seus braços e abordou com mestria a poesia lírica, satírica, épica, os dramas em versos e em prosa, o romance. O amor pela arte era-lhe característica inconfundível, pois Victor Hugo tinha certeza de que o poeta cumpre uma missão.Por isso, tomou parte em debates políticos, tendo ocupado, podemos dizer, o posto de poeta oficial da República. Atualmente, tão respeitado é Hugo, na França, que seus compatriotas chamam-no o jovem deus. Isso é bem demonstração prática do que o Espiritismo afirma peremptoriamente, recordando o Cristo: não se deve buscar recompensa na Terra; os méritos serão reconhecidos apenas quando calar a voz da verdade, o poeta da beleza, o cântico dos céus. E quanto a nós, míseros Espíritos falidos e falíveis, se JESUS aos olhos dos homens, deixou a Terra desacreditado, o que se poderá dizer em relação a nós, que diariamente desacreditamos o próximo e seus feitos? Ontem, Victor Hugo foi até mesmo desrespeitado e caluniado na França; hoje, rendem-lhe homenagens incontáveis.Sua obra literária,como dissemos, é vastíssima: "Ode sur la Mort du Duc de Berry", "Han dislande", "Bug Jargal", "Cromwell", Lês Orientales" (em cujo prefácio Hugo advoga a liberdade da inspiração), o célebre "Dernier Jour d'um Condamné" e " Mrion de Lorme", estopins da tendência humanitária de Hugo (aquele apreendido pela censura de Carlos X, porque deixava as claras as dificuldades da França; drama onde os conflitos espirituais afloram de modo impressionante, de tal sorte que, despertando a cobiça de Sainte-Beuve, acarreta intrigas com a esposa de Hugo, por parte daquele. Depois de "Hermani" , o poeta dá ao mundo o célebre romance "Notre-Dame de Paris", que o cinema vulgarizou sob o título de "O Corcunda de Notre-Dame", emprestando especial destaque à figura de Quasímodo e demonstrando a grandiosidade do amor fraterno, elevados ao alto grau. A morte de sua filha Leopoldina, juntamente com seu genro, afogados no rio Sena, em Villequier, lançou Hugo numa resignação desolada; mortificado pela dor, o grande artista deixa de lado as querelas das escolas literárias, submetendo-se à vontade de DEUS como ele mesmo diz. Em "Lês Contemplations", encontraremos o canto de dor pela morte da filha, no poema intitulado precisamente. Mais adiante, Hugo mergulha no problema trancendental do mal e do infinito.Escreve duas epopéias filosóficas, abordando justamente esses dois problemas: a primeira, "La Fin de Satan", escrita em termos de visão apocalíptica, reafirma a esperança no bem eterno e no fim absoluto do mal; a segunda, terminada na primavera de 1855, e só dada a público em 1891, intitulada "Dieu", ressaltada de modo surpreendente sua visão de DEUS prenunciando a concepção espírita. À primeira vista, isso poderia admirar; mas, em setembro de 1853, no "Marine-Terrace", uma amiga querida lhe dá as primeiras noções do Espiritismo: essa pessoa era precisamente Delphine de Girardin, de quem existe belíssima página de além túmulo em "O evangelho segundo o Espiritismo" (pág. 113,57ª edição FEB); a mensagem é datada de 1861. Esse contacto com o Espiritismo foi extremamente benéfico para o poeta, porque ele, que descambava para o terreno da poesia alucinatória, passou a preocupar-se com problema da morte, da alma e de DEUS, voltando os olhos para os céus e renascendo do pessimismo. É interessante notarmos que a morte de Leopoldina, que de fato transtornara interiormente Hugo, agora - conquanto continue a causar-lhe dor - toma ares de renovação que o Espiritismo comunica aos que precisam ser consolados. Essa breve visão sobre Victor Hugo e sua obra prende-se a localização das pessoas(Espíritos) dentro de sua época, bem como suas tendências espiritualistas, para que o episódio central desta exposição ganhe em presença e tenha toda a sua significação realçada. Victor Hugo tem em sua produção uma belíssima epopéia, intitulada "La Légende dês Siècles", cujo original em francês possuímos. Os críticos literários franceses costumam classificá-la de epopéia humana, áspera, acerba, imensa. A ambição de Hugo, segundo ele mesmo dizia, era exprimir a humanidade numa espécie de obra cíclica; pintá-la sucessiva e simultaneamente, sob todos os aspectos: na história, na fábula, na filosofia, religião, ciência; fazer aparecer essa grande figura, uma e múltipla, lúgubre e irradiante, fatal e sagrada: o Homem. O que caracteriza Hugo nessa obra é o evoluir do homem, a eclosão lenta e suprema da liberdade. Segundo o poeta, um fio une o passado, a partir da Criação, ao presente e ao futuro entrevisto . É o grande e misterioso fio do labirinto humano: o PROGRESSO. Nela, Hugo não lança de deformações conscientes, conforme ele mesmo afirma: "As vezes, a ficção; nunca, a falsificação"; é a história ouvida sob os pórticos da lenda. **Pesquisa Net...* Beijos Cida St !!! |
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