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O coração e os ruídos



O coração e os ruídos 

Andava sem destino, como um curioso peregrino, caminhando pelas ruas de Kathmandu (Capital do Nepal) quando, de repente, ao longe ouvi duas pessoas discutindo em voz alta. Então, lentamente, fui aproximando-me ao mesmo tempo em que outras pessoas, também indiscretos, faziam o mesmo. 

Quanto mais pessoas acercavam-se, mais forte ficava o tom da altercação até o momento em que, serenamente, um ancião atravessou o círculo de pessoas e, carinhosamente, fitou os dois disputantes. 

Então, quase que ignorando a controvérsia, com um voz vigorosa, mas doce, ele fez a seguinte pergunta aos presentes: 

- Porque que as pessoas gritam quando estão com raiva? 

Houve um silêncio culposo no ambiente até que uma senhora falou: 

- Quando a ira invade nossos corações gritamos porque perdemos a calma 

Mesmo assim, o ancião questionou: 

- Mas porque gritar se a outra pessoa estão tão perto, não seria mais prático falar em voz baixa? 

Desta vez, o silêncio foi sepulcral, era possível escutar a respiração ofegante e tensa dos adversário e o pulsar curioso da "platéia". 

Então, o mesmo senhor quebrou o silêncio dizendo: 

- Quando estão com raiva, as pessoas gritam porque seus corações se distanciam e, como consequência, eles não conseguem escutar uns aos outros. Quanto mais distante o coração, mais forte é o grito. 

E continuou: 

- Por outro lado, quando as pessoas estão apaixonadas, seus corações estão próximos e, portanto, elas se comunicam carinhosamente e num aprazível tom de voz. Ademais, quando o amor invade os corações dos indivíduos, eles quase nem falam, parece que um contagiante e sedutor, quase inaudível, sussuro invade suas comunicações. 

Depois, ele pausou por um momento e, finalmente, disse: 

Assim sendo, quando vocês discutirem, não deixem que os vossos corações se distanciem, tentem evitar palavras que os separem ainda mais, pois pode chegar o dia em que a distância será tão grande que nem as mais afetuosas palavras poderão mostrar o caminho de regresso. 

Depois, como num passe de mágica, as pessoas tranquilamente começaram a dispersar-se enquanto que os dois indivíduos que estavam discutindo sentaram-se na beira da calçada e, por um longo tempo, permaneceram em silêncio. (Tadany – 06 08 09) 

(como não entendo nepalês, esta história me foi traduzida por uma gentil moça nepalesa que também presenciou o acontecimento) 

PS: Para citar este texto: 
Cargnin dos Santos, Tadany. Contaram-me 17. www.tadany.org ® 



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