- Contaram-me 43 (Uma decisão extremamente difícil) | 06/05/2011
Vidya estava de plantão num hospital público de Pune, Índia. O lugar era uma enorme confusão de doentes, parentes, médicos e enfermeiras. Um superpopuloso caos de sotúrnicos corpos e esperançosas almas ao qual acudiam centenas de pessoas diariamente que, em sua maioria, eram miseráveis ou miserabilíssimos. No meio daquela batalha humana entre a vida e o desconhecido, Vidya recebeu uma Mãe que trazia seus dois filhinhos, ambos com poucos meses de vida, no colo. A própria aparência das crianças já era causa de espanto, pois tinham feições cadavéricas, ainda que fosse possível sentir o coração pulsando e o pulmão respirando. Rapidamente Vydia as levou para a UTI onde, após rápidas análises, as crianças deveriam ser colocadas numa máquina que seria relevante para o processo de recuperação. Então, carregou as crianças, sempre com urgência e afinco, para a sala onde estavam as máquinas. Quando lá chegou, notou que havia apenas uma máquina disponível. Seu coração disparou freneticamente, pois estava frente à um inexprimível dilema, ou seja, deveria escolher qual das duas crianças utilizaria a máquina. Apesar do anos de experiência, se desesperou intensamente e, como todo o ser humano, recorreu ao apoio divino para auxiliar-lhe na decisão. No entanto, parecia que Deus estava de férias nalgum paraíso estelar e desconectado dos problemas mundanos, pois ela não recebeu nenhuma intuição, ou revelação. Como resultado, naquele ambiente caótico, na limitação de tempo, na carência de material adequado e no limiar entre a vida e a morte, teve que escolher e, qualquer que fosse sua decisão, ela seria um crime, uma infração com a qual ela estava preparada para viver. Mas ela também sabia que havia outra infração, a qual era mais sutil, menos perceptível, mas não menos veraz. Ela estava ciente de que, independente da sua escolha, ambas as crianças estavam condenadas. Uma estava condenada a morrer, enquanto que a outra estava condenada a viver, ou talvez ainda mais genuíno, sobreviver. (Tadany – 04 02 11) PS: Para citar este texto: Cargnin dos Santos, Tadany. Contaram-me 43. www.tadany.org ®
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