A CONFRARIA
Desde o início, a Confraria fundada por Francisco, era uma Ordem de Penitentes e Apóstolos, sempre comandada por ele. Escreveu a Regra e jurou obediência a JESUS em nome de todos os frades. Na medida do possível, procurava manter unido todos os irmãos junto dele, para ensina-los e prepara-los no melhor espírito de oração.
Quando os enviava em missões, sempre seguiam dois a dois, raramente iam sozinhos, e sempre estabelecia o tempo de regresso. Com o crescimento da Ordem, havendo Conventos em diversas cidades da Itália e depois no exterior, o prazo para a reunião dos frades foi fixado em duas vezes por ano. A estas reuniões anuais os franciscanos chamam de "Capítulos".
Neles discutiam todos os assuntos: qual a melhor maneira de observar a Regra, como vencer os problemas e dificuldades do cotidiano, sempre com a finalidade de alcançar êxito e maior santidade, nas realizações. E ainda, como meio de confraternização juntos faziam as refeições, e Francisco, fazia uma pregação, evidenciando trechos do Sermão das Montanhas e outros do Novo Testamento, assim como também falava sobre as "Advertências" que ele mesmo havia escrito, na qual padronizava o comportamento da Comunidade Religiosa ao longo da caminhada exis
tencial.
NOSSA SENHORA NA VIDA DO SANTO
Em todas oportunidades, propunha NOSSA SENHORA como modelo de todos os cristãos. Sempre que se referia a Mãe Santissima, o fazia com carinho e muita doçura, enaltecendo a MÃE admirável que nunca se esquece de um de seus filhos que busca a sua inefável e tão querida proteção.
Giotto, famoso pintor italiano ornou a Basílica e o túmulo de São Francisco com pinturas que retratam passagens de sua vida e escreveu também no túmulo do Santo, versos composto pelo "Polveredo de Assis" e dedicados a NOSSA SENHORA:
"Saúdo-te Senhora Santa, Rainha Santíssima , Maria, que és Virgem Perpétua! O PAI Celeste elegeu-te e santificou-te com o seu Dileto e Santíssimo FILHO e com o Espirito Santo Consolador. Em Ti, ó Mãe Querida, esteve e está toda plenitude da graça e todo bem! Amém!"
ORDEM TERCEIRA
Para acolher um grande número de pessoas de todas as cidades, que queriam seguir a Regra franciscana, mas já possuíam outros compromissos no mundo, São Francisco fundou a Ordem Terceira, aberta indistintamente a padres e leigos, moças, jovens, viúvas, rapazes e cônjuges. Aos irmãos e irmãs desta Ordem, foi estabelecido como escopo: viver honestamente nas suas casas, no trabalho,e ambiente de família; dar esmolas, atender as obras de caridade; fugir da vida mundana, sobretudo, procurar santificar sua vida por um maior cultivo do amor a JESUS e a nossa Mãe Santíssima.
ÚLTIMOS ANOS DE VIDA
Nos últimos anos de vida, ele diminuiu sensivelmente as viagens e missões, dedicando-se as orações e a escrever. Procurava permanecer mais tempo com seus irmãos, orientando, instruindo e dando a cada um deles o seu exemplo maravilhoso.
Sua condição física estava comprometida com diversas doenças. Na realidade, ele nunca foi um homem robusto e nunca teve muita saúde. Era magro e tinha pequena estatura. Desde jovem, foi atormentado por acessos de febre, e mais tarde, por motivo dos jejuns freqüentes e prolongados, ficou com a saúde debilitada. Sofria de hemorragias com freqüência que o enfraquecia consideravelmente, a ponto de deixa-lo prostrado no leito. Também tinha uma doença nos olhos, que contraiu quando esteve no Egito, tentando converter o Sultão. Nas crises, havia momentos em que ficava quase que completamente cego.
Nos seus pensamentos e em sua vida interior, as vezes imaginava estar sendo perseguido pelo poder das trevas. Muitas vezes, à noite, enquanto rezava na solidão de uma Igreja deserta, ou numa ermida na floresta, parecia-lhe que alguém estava atrás dele. Tinha a impressão que passos rápidos e leves se moviam ao seu redor, ou e tentasse ler o seu livro de orações. Em algumas oportunidades, ele ouvia um murmúrio surdo, nas horas mais silenciosas de suas vigílias noturnas, como se lábios i lhes sussurrassem ao ouvido.
Certo dia ele disse a Frei Pacífico: "Parece-me que sou o maior pecador do mundo." No mesmo dia, teve uma visão notável: "O Céu aberto mostrava um trono vazio rodeado de Anjos. A recompensa de sua profunda humildade."
O GRANDE MILAGRE
No verão de 1224, a saúde de Francisco dava sinais de sensível melhora. Por isso, no mês de Agosto, decidiu deixar o vale Rieti e subir o Monte Alverne, que lhe fora doado pelo Conde Orlando de Cattani.
Em companhia de Frei Leão, Frei Ângelo, Frei Silvestre e Frei Iluminado, empreenderam a subida do Alverne. depois permanecer em jejum durante 40 dias .E assim fizeram. Subiram a Montanha e construíram as cabanas.
Instalado sozinho numa cabana de pequenas proporções, certa noite não estava conseguindo dormir. Virava de um lado para o outro, em busca de uma melhor posição, mas não adiantava, ficava ouvindo lá fora os gritos dos falcões do Alverne, porque o sono não chegava.
A única coisa que lhe dava consolo era um pensamento que às vezes ocupava a sua mente: "No Céu será tudo diferente... será maravilhosamente bom, como aliás deve ser!" E foi assim, com este pensamento consolador, que conseguiu adormecer. Então, em sonho, apareceu-lhe um belo Anjo com um violino nas mãos e lhe disse: "Francisco, vou faze-lo ouvir um pouco de música que desfrutamos no Céu"
Depois, o Anjo apoiou o violino na face e passou o arco nas cordas uma única vez. Logo Frei Francisco ficou inundado de uma alegria tão intensa, sentiu uma ternura tão grande na alma, que lhe parecia não ter corpo e não sentir nenhum sofrimento. Ficou extasiado de júbilo!
No dia seguinte, contou aos seus companheiros: "Se o Anjo tivesse tocado as cordas outra vez, pela beleza e inefável doçura dos acordes, estou certo que minha alma teria se separado do corpo e acompanhado o Anjo até o Céu!"
A Paixão de JESUS imprimiu uma profunda impressão de piedade e amor no seu coração, e de tal ordem, que nasceu um imenso desejo em seu espírito, de consolar o SENHOR, de mitigar as dores Divinas por causa dos muitos pecados da humanidade.
Tão envolto ficava pelo drama da Paixão, que derramava lágrimas em profusão, principalmente quando se lembrava que foram as palavras do SENHOR Crucificado, , que o afastara do mundo e o induzira a seguir CRISTO na pobreza.
Assim, a sua sincera gratidão impôs-lhe uma grata obrigação: honrar sempre a CRISTO. Este fato inspirou-o a compor uma oração para os seus frades, que hoje a cristandade inteira
"Nós Vos adoramos SENHOR JESUS e Vos bendizemos, porque pela Vossa Santa Cruz remiste o mundo!".
Dia 14 de Setembro de 1224, Francisco rezava no Monte Alverne e dizia ao SENHOR:
"Meu SENHOR JESUS CRISTO, peço-VOS que me concedas esta graça, antes que eu morra! Que eu sinta, tanto quanto possível, na minha alma e no meu corpo, aquele Amor que o SENHOR, FILHO DE DEUS, sentiu quando estava inflamado, ao suportar com prazer, aquela terrível e abominável Paixão por todos nós pecadores!"
Estando assim rezando fervorosamente em estado de profunda contemplação, apareceu-lhe um Santo Anjo Serafim com seis asas resplandecentes e inflamadas, mantendo-se no espaço a uma determinada altura do chão.
À medida que ele se aproximava, Francisco percebia que o emissário Divino tinha assumido a imagem de JESUS Crucificado, com todas as chagas, e por inspiração, logo compreendeu que em recompensa pelo seu imenso amor ao SENHOR Crucificado, ia receber as chagas de JESUS nas mãos, nos pés e no lado direito, onde penetrou a lança do centurião, não como martírio corporal, mas como demonstração do amor de DEUS por ele.
entre a 5ª e a 6ª costela, aberta, vermelha e sangrenta.
De um modo geral, nas preces e canções não assinava o seu nome, mas desenhava um "T" (táu), símbolo da Cruz no Antigo Testamento, encima de uma caveira humana, imagem da vitória de CRISTO sobre a morte, no Gólgota.
Em 30 de Setembro deixou o Monte Alverne em companhia de Frei Leão, enquanto os outros frades lá permaneceram em orações e mortificações.
Veio montado num animal cedido pelo Conde Orlando . Na seqüência dos dias.
Francisco parecia ter readquirido todo ardor que possuía na juventude! Logo que chegou à Porciúncula, projetou sair a cavalo para outra missão. Continuamente falava nas grandes coisas que queria fazer. Evitava andar, embora estivesse usando as sandálias feita por Clara, fazia as viagens cavalgando, desse modo, às vezes conseguia visitar até cinco cidades em um dia. Em cada uma delas, pregava e ensinava a palavra de DEUS.
Numa destas viagens encontrou um mendigo leproso que maltratava os frades que vinham ajuda-lo. O Santo vendo aquele homem, saudou-o:
"DEUS lhe dê a paz meu caríssimo irmão!"
Respondeu o leproso: "Como posso ter paz se DEUS me tirou a que eu tinha e todo o bem, fazendo-me podre e fedorento? E mais, sou sempre afligido pelos frades que me envia, não servem para nada!"
Disse Francisco: "Filho, eu quero lhe servir, já que você não está satisfeito com os outros!"
"Mas o que poderá me fazer a mais que os outros?"
"O que você quiser!" respondeu o Santo.
Falou o leproso: suportar!""Quero que me laves inteiramente, porque exalo um mal cheiro tão forte, que nem mesmo eu estou conseguindo
suportar!"
Imediatamente Francisco mandou aquecer água com muitas ervas perfumadas, despiu o leproso e começou a lavá-lo com as mãos, enquanto outro frade ia derramando água. Por Divino milagre, onde São Francisco passava os dedos, desaparecia a lepra, a carne ficava perfeitamente sã e bonita. E assim, o leproso ao perceber que estava ficando completamente curado, teve uma forte comoção, chorou e derramou lágrimas de alegria, sobretudo de agradecimento a DEUS por aquela graça tão especial.
Muito emocionado, de joelhos no chão suplicava ao SENHOR perdão pelos seus muitos pecados.
Francisco, vendo o admirável milagre feito pelo CRIADOR, através de suas mãos, humildemente prostrou-se com os joelhos no chão e agradeceu a misericórdia de DEUS.
Depois, sem que as pessoas percebessem, partiu, indo para terras bem distantes, porque queria fugir da curiosidade das pessoas, dos elogios, dos aplausos e da glória humana. Tudo o que fazia, era para a maior honra e glória do SENHOR, e não a sua.
Mas na verdade, o novo ardor que Francisco mostrava, era como o último lampejo de uma luz muito bonita que finalmente estava para se extinguir. Os dias do "Poverello de Assis" estavam contados. A doença da vista se agravava e a cegueira aumentava. Mas, ainda foi nesta época que compôs a sua esplêndida obra-prima: "Hino ao Irmão Sol".
MORTE DE FRANCISCO
Quando percebeu que a morte estava bem próxima, mandou que o levassem para a sua pequena cela na Porciúncula. Sábado dia 3 de Outubro, ele vivia os seus últimos momentos.
Ao entardecer começou a cantar o Salmo 141 de David, rodeado pelos frades que choravam e não queriam deixa-lo sozinho. Com o passar do tempo, o som de sua voz foi perdendo a intensidade até que emudeceu inteiramente.
Seus lábios fecharam para sempre e foi cantando, que entrou na eternidade. DEUS infinita bondade, ainda permitiu uma última saudação ao seu humilde cantor. Por cima de sua cabana e ao redor, apenas a voz do Santo calou, o espaço foi ocupado por um sonoro e imprevisto coro de vozes de todas as aves, que em profusão e admirável alarido vieram cantando dar-lhe o último adeus.
O povo de Assis ao saber da notícia, acorreu a Porciúncula para prestar-lhe as últimas homenagens. Depois, juntamente com os frades, transportaram o corpo para a Catedral de Assis, levando tochas acesas e um ramo de oliveira, cantando hinos de louvor, ao som de trombetas e flautas. Na manhã do dia seguinte o cortejo fúnebre alcançou São Damião.
O corpo de Francisco foi levado para a Igreja a fim de que as freiras pudessem ver pela última vez o seu pai espiritual.
Os frades removeram a grade do "coro", através da qual as freiras participavam das celebrações litúrgicas e soergueram o ataúde com aquele corpo venerável e o mantiveram elevado, tão longo tempo quanto podiam desejar Irmã Clara e as monjas.
Dois anos após a sua morte foi beatificado e no dia 16 de Julho de 1228, declarado Santo pelo Papa Gregório IX. Seu Mausoléu encontra-se na Basílica com o seu nome, em Assis.
"Perfil maravilhoso: era atraente e de aspecto glorioso na inocência de sua vida, simplicidade das palavras, pureza de coração, amor a DEUS, caridade fraterna, trato afetuoso, amável, primava pela delicadeza.
Tinha maneiras simples, prudência nos julgamentos, fidelidade nas obrigações, serenidade; constante na oração, contemplativo, fervoroso em todas as coisas, firme nas resoluções, equilibrado e perseverante.
Oportuno nos conselhos, rápido para perdoar, demorado para enraivecer, manso, paciente e flexível com todos; rosto alegre, aspecto bondoso, humilde.
Era de inteligência pronta, memória luminosa, rigoroso consigo mesmo.
De vigilância constante sobre si, primoroso espírito de disciplina.
O mais Santo de todos, sabia estar entre os pecadores, como se fosse um deles."
Escreveu Frei Tomás de Celano, seu contemporâneo.
"São Francisco é oficialmente o padroeiro da Itália."
O corpo de São Francisco ficou escondido de 25 de Maio de 1230 até Dezembro de 1818, quando foi encontrado.
Foi construída uma cripta na Basílica Nova, onde ele foi colocado e ao redor estão os sepulcros de seus amigos: Bernardo, Masseu, Leão, Egídio, ...
Estes eram os Frades mais próximos de São Francisco, os amigos fieis de todos os momentos: (da esquerda para direita) Bernardo, Junípero, Silvestre, Masseu, Leão e Egídio.
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