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ERA UMA VEZ...

ERA UMA VEZ...


O homem tem a mania de tentar engessar acontecimentos e guardá-los em
sua memória como um bloco, fechado, pesado, hermético.

Mas, será o acúmulo destes blocos que irá vergar as suas costas e
entorpecer e emparedar a sua mente.

Depois de um tempo, eles serão tantos, para serem carregados, que o
paralisarão.

Assim, o homem chega à velhice cansado, exausto de tantas memórias que
precisa carregar. Por isso, ele tenta vomitá-las. Descarrega nos
ouvidos alheios todos aqueles fantasmas que vivem ocupando seus
momentos.

Encharcado, de tanto passado, não consegue mais viver o presente. Não
há mais espaço.

Se, ao contrário, ele tratasse os acontecimentos como passarinhos,
leves, soltos, livres, ele chegaria à velhice mais suave.

Mas, o homem é teimoso e solidifica aquilo que deve ser passageiro: o
tempo.

A cadeira agora é uma necessidade. Ele precisa repousar nela a carga
de sua história. O tempo está aprisionado dentro dele e isto lhe pesa
horrores.

Não é fácil caminhar levando rancores, frustra-ções, arrependimentos e
ódios nas costas.

É verdade que não é o fato de estar em pé que de-termina que alguém
esteja vivendo plenamente. É a mente livre, aberta e absorvente que
define o aprovei-tamento da vida e, tanto faz se se está deitado,
sentado ou em pé.

Mas, o que obriga alguns homens, em determina-da idade, sentarem-se é
o peso das suas cabeças.

Por isso, como idéias novas podem ser ab-sorvidas por estes homens se
eles se emparedaram mentalmente?

Sabemos que aquilo que não evolui tende a se degenerar. Aí, era uma
vez...

Não se lembrava mais quando se sentou naquela cadeira. Nem ao menos
sabia por que tinha se sentado nela. E, embora, seja verdade que
ninguém precisa de um motivo para sentar-se numa cadeira, ele sempre o
fazia por um, mesmo que fosse para apenas ruminar. Na verdade este era
o seu único motivo.

Seja lá como for, ele se indagava agora por que estava ali. Há quanto
tempo estava ali? Às vezes, no meio desta pergunta ele mergulhava de
novo em algu-ma lembrança e, então, tinha que refazê-la novamente.

O fato é que não conseguiu sair mais daquela ca-deira até quando,
finalmente, o levaram para o cemité-rio.

Hideraldo Montenegro

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