{Amb. Liter.:518} DONA MARQUES - Crônica - As lembranças de uma paixão - "Sou vítima constante co inconsciente mudo" - "A escrita torna visível o impalpável, aquilo que se encontra distante do real...." - " Quero driblar minha pobre razão" - "Seus cabelos enrolados, olhares atraentes....formosa, companheira" - "Que saudade"

Rio de Janeiro, 30 de Dezembro de 2010.

 

 Dona Marques

 

* Leandro da Silva

 

Eu sempre gostei de escrever, mas o tempo não tem cooperado. Sei que preciso domar meus limites e superá-los. Acordei hoje com o anseio de transcender minhas expectativas emocionais. Quero driblar minha pobre razão. Sentir meu coração pulsando com muita rapidez. Movimentar meus dedos das mãos, fazendo-os trabalharem e alimentar minha psique com as ideias fictícias.

Precisava, primeiramente, de uma inspiração. Não sabia a fórmula para conquistá-la. Logo, fui à janela do quarto e pude avistar uma donzela de vestido vermelho. Era uma mulher de parar o trânsito. Meus olhos brilhavam mais que a luz do amanhecer. Diante deste cenário, recordei uma paixão antiga. Nunca antes coroada, mas sempre a chamei de rainha.

Curvei-me diante daquele pensamento. Comecei a remontar um passado apaixonado. Gozava de uma simpatia invejável. Dona Marques é a protagonista desta história amorosa. Por ela, esquecia da vida. Fazia as lágrimas caírem das minhas pálpebras com muita facilidade. Até hoje não sei explicar o seu feitiço, só sei que ela me imobilizou até a presente data. Às vezes era pego pensando por ela e pensando somente nela. Preciso ser liberto! Ajudem-me! Chamem-na novamente!

Dentre "muitas", foi à única que, ao se ausentar, deixou uma grande ferida aberta. Necessitava urgentemente de alçar voz, mas não estava encontrando forças suficientes. Atualmente, ando vagando embaralhado em um romance "proibido". Sou vítima constante do inconsciente mudo. Peço sempre às divindades celestiais a verdadeira liberdade. Entretanto, não sou respondido imediatamente. O que fazer? Como fazer?...

Só quero esquecê-la. Deletá-la da minha memória. Porém não consigo. Calei-me por alguns anos, mas a saudade bateu. Resolvi lembrá-la por meio da escrita. Sempre quando estiver desolado, farei uma leitura prévia desta crônica.

A escrita torna visível o impalpável. Aquilo que se encontra distante do real...

Dona Marques e seu perfil...

Seus belos cabelos enrolados. Olhares atraentes. Meiga. Conquistadora. Dominadora. Esplêndida. Formosa. Versátil. Uma mãe dedicada. Filha honrada pelos seus pais. Amiga de todos. Companheira.

Que saudade...

lEANDRO DA SILVA

Professor e Escritor. 

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